DRAMATIZAÇÃO
Eu fui tocar "num" forró
No sertão de Pernambuco
E apareceu um maluco
Com uma peixeira na mão
Aí o dono da casa disse: - espere cidadão
Bote a faca na cintura
Vá logo fazendo a curva
E "num" pise aqui mais não
Mas o cabra era arrochado
E "num" queria recuar
Botou a faca na frente
E fez partida pra entrar
Foi quando o dono da casa
Arrastou um pau-de-fogo
Que o cano era um toco
Da mãe da lua sentar
Então eu pensei comigo:
-Isso aqui acaba cedo
Tentei disfarçar o medo
Mas era um medo de fato
Eu não tirava o olho
De onde a porta ficava
Com uma das mãos eu tocava
E com a outra eu apertava
Era o cadaço do sapato
Quando aquele pau-de-fogo
Cuspiu a primeira abelha
Caiu uns cacos de telha
Meu chapéu ficou furado
Eu disse pra o dono da casa:
-Deixe eu tocar no terreiro
Por que esse converseiro
Descontrola o zabumbeiro
E eu fico desafinado
Prendi a respiração
Até chegar no terreiro
o zabumbeiro e o triangueiro
Já de sapato na mão
Me deram um puxavão
Quase fiquei sem bigode
Saimos tangendo os "bode"
Nas veredas do sertão
E era mameleiro
Xique-xique, unha de gato
E o cadaço do sapato
Enganchando na macambira
O mato na vereda
Se abria e se fechava
E nós levando cipoada
De jurema e de imbira
De repente um cavaleiro
correndo atrás da gente
Gritava: -seus "inocente"
Esperem, não se confundam
Foi aí que aumentou
O medo e a correria
Que chega a perna batia
Um palmo atrás da bunda
O cabra botou um corte
Na vereda a atravessou
Dizendo: -espere tocador
Respire, fique assim não
Vamos voltar pro forró
"Num" aconteceu nenhum arte
Aquilo tudo faz parte
De uma dramatização.
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